Só os pássaros são felizes – parte 2

Terça-feira, 31 de março de 2020 (as flores não vencem canhões nem muito menos vírus, que pena!)

Duas semanas atrás eu postei aqui uma crônica sobre pais e filhos, parte 1. Usei minhas metáforas bobinhas de pássaros para ilustrá–la e a segunda parte seria um álbum com fotografias daqueles pequenos personagens emplumados do meu quintal. Não era para ter demorado tanto; as crônicas são histórias rápidas que também muito rapidamente saem da cabeça das pessoas, sobretudo as que não dizem nada muito relevante. Mas, fui paralisada por uma daqueles tremores de terra que sacodem o nosso mundinho particular de vez em quando.

Falei, naquele texto, basicamente sobre o estranho sentimento de impotência que experimentamos ao ver nossos filhos crescidos e fora do nosso alcance e da nossa pretensa proteção, e também da sensação boa que é saber que eles estão bem e perto de nós. Como numa dessas ironias que só o destino governa, dois dias depois disso a minha filha, por conta da pandemia do coronavirus, ficou retida em uma ilha de fim de mundo no meio do arquipélago de Galápagos, no Equador, com o país fechado até para vôos domésticos. A ninguém vai interessar saber todo o complicado trâmite do processo de remoção dos turistas da ilha, e da verdadeira batalha para conseguir um vôo de repatriação, que ela, o namorado e mais de 100 brasileiros que também estavam em situação semelhante, travaram. Aqui eu só queria falar do que de fato importa. Saber de minha filha a nem sei quantos mil quilômetros de distância daqui, no meio desse caos mundial infernal, num dos países onde esta nova praga propaga-se num ritmo maior do que nos demais do entorno, e acima da projeção inicial, sem perspectivas concretas de volta para casa, foi uma verdadeira provação para nós. Angústia resume (embora não quantifique) em uma única palavra tudo o que nós passamos aqui. Mas, algumas lições a vida nos ensina muito cedo, e felizes daqueles que conseguem aprendê-las e aplicá-las. A combinação coragem, equilíbrio e fé é sempre imbatível numa crise, e foi o que nos manteve firmes, aqui, e a ela, lá. Além do apoio dos que se importam, também. Alguma coisa sempre fica do que nós passamos para os nossos filhos e eu tenho orgulho do que conseguimos passar para os meus, aqui. Muita coisa fica do que eles deixam para nós, também, mas isso nós só entendemos realmente quando chegamos ao extremo desespero de passar a madrugada pensando em maneiras de atravessar toda a floresta amazônica ou cruzar a Cordilheira dos Andes para um resgate cinematográfico de um filhote desgarrado no mundo.

E os pássaros com isso? Nada, não… Eles são felizes e nem entendem de angústias… Mas, querem saber mais? Minha filha chegou hoje em sua casa e alguns pais são felizes, também. E o mundo é grande, mas às vezes cabe inteiro dentro do meu quintal.

Segue abaixo, o álbum. E a vida segue também:

O aconchego e a segurança do ninho, o primeiro vôo sob o olhar cuidadoso dos pais e um conselho de mãe ou de pai

Amor de pai, de mãe e de irmão, e o desconsolo de quem caiu porque ainda não sabia voar

Gerald e a boa vida de sombra, comida e água fresca

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Ariano e seu filhinho: Faz tudo o que o papai te ensinou. E depois te vira!

E um bem-te-vi que estava com fone mas mas não comia verdura: Não quer? Então, tá, vou dar pro seu irmão…

3 comentários em “Só os pássaros são felizes – parte 2

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