Do latim variabilis, aquilo que varia ou pode variar. Ou te fazer feliz, quiçá…

Terça-feira, 21 de maio de 2019 (uma curtinha da hora do almoço de uma terça-feira calma)

Prancheta 1 cópia 10

“(Isto é talvez ridículo aos ouvidos

De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,

Não compreende quem fala delas

Com o modo de falar que reparar nelas ensina)”

– Alberto Caeiro/ Fernando Pessoa, O Guardador de Rebanhos

Quando se vai atrás de um conceito de felicidade, pode-se encontrar de tudo. No Michaelis, por exemplo, é um “estado de espírito de quem se encontra alegre ou satisfeito; alegria, contentamento, fortúnio, júbilo”. No velho e bom Aurélio, é uma “sensação real de satisfação plena; estado de contentamento, de satisfação. Em palavras tiradas da definição de felicidade do livro Sentimentos Humanos, de Flavio di Giorgio, um saudoso e popular professor de cultura geral (assim o definiu um de seus obituários) da PUC e do Colégio Santa Cruz, de São Paulo, “Felicidade guarda um gosto de ideal a ser alcançado, o pleno ou o perfeito, uma incessante busca”. Isso sem falar nas definições que deram a ela os filósofos, os poetas, os cantores e toda a sorte de gente que se dispôs a bem falar sobre o tema.

A internet é essa imensa teia de fios invisíveis que, entre suas incontáveis funções, consegue prender os curiosos quando eles não têm o que fazer. Não ter o que fazer é um dos luxos não convencionais da minha vida, e num dia desses, rodando pela rede, esbarrei em um conceito de variável. Ninguém me pergunte como foi que cheguei aí porque eu não saberia dizer. Talvez, quem sabe, tentando descobrir alguma coisa sobre dieta alimentar de camaleões ou novas teorias sobre a Área 51, no deserto de Nevada? Como se diz por aí, cada louco com suas manias e os curiosos também têm as suas.
Seja como for, eu cheguei nisto daqui:

“Do latim variabĭlis, uma variável é aquilo que varia ou pode variar. Trata-se de algo instável, inconstante e sujeito a alterações. Por outras palavras, uma variável é um símbolo que representa um elemento não especificado de um determinado conjunto. Este conjunto é denominado conjunto universal da variável ou universo da variável, e cada elemento do conjunto é um valor da variável.
Por exemplo: x é uma variável do universo {2, 4, 6, 8}. Como tal, a variável x pode ter qualquer um desses valores, ou seja, pode ser substituída por qualquer número par menor que 9.
Uma variável é um elemento de uma fórmula, de uma proposição ou de um algoritmo, podendo ser substituído ou podendo adquirir um valor qualquer dentro do seu universo. Os valores de uma variável podem ser definidos dentro de um intervalo ou estar limitados por condições de pertença.”Pode-se falar de vários tipos de variável: as variáveis dependentes, que são aquelas que dependem do valor que assumam outros fenômenos ou variáveis; as variáveis independentes, cujas modificações nos valores determinam modificações nos valores de outra; variáveis qualitativas, que expressam distintas qualidades, características ou modalidades; e variáveis quantitativas, que se enunciam mediante quantidades numéricas, entre outras.
No âmbito da programação (informática), as variáveis são estruturas de dados que podem mudar de conteúdo ao longo da execução de um programa. Estas estruturas correspondem a uma área armazenada na memória principal do computador.”

Daí eu fiquei pensando (e desta vez nem doeu) em uma conversa que tive com uma amiga, outro dia, durante a qual nós falamos sobre o significado desse sentimento tão desejado quanto fugaz, que é a felicidade, e sobre como sua representação muda de uma pessoa para outra e de um tempo – até em segundos – para outro. Não ter o que fazer em boa companhia é outro luxo do meu Caderninho Azul® e nós divagamos e rimos muito nesse dia. A minha mente não tem, infelizmente, a mesma facilidade que tem o meu corpo para aceitar o ócio e, ao ler o conceito que me lembrou da conversa, experimentei substituir no texto, em cada vez que aparecia, a palavra ‘variável’ pela palavra ‘felicidade’, para ver o que saía.
Ficou assim:

“Uma felicidade é aquilo que varia ou pode variar. Trata-se de algo instável, inconstante e sujeito a alterações. Por outras palavras, uma felicidade é um símbolo que representa um elemento não especificado de um determinado conjunto. Este conjunto é denominado conjunto universal da felicidade ou universo da felicidade, e cada elemento do conjunto é um valor da felicidade.
Por exemplo: x é uma felicidade do universo {2, 4, 6, 8}. Como tal, a felicidade x pode ter qualquer um desses valores, ou seja, pode ser substituída por qualquer número par menor que 9.
Uma felicidade é um elemento de uma fórmula, de uma proposição ou de um algoritmo, podendo ser substituído ou podendo adquirir um valor qualquer dentro do seu universo. Os valores de uma felicidade podem ser definidos dentro de um intervalo ou estar limitados por condições de pertença.
Pode-se falar de vários tipos de felicidade: as felicidades dependentes, que são aquelas que dependem do valor que assumam outros fenômenos ou felicidades; as felicidades independentes, cujas modificações nos valores determinam modificações nos valores de outra; felicidades qualitativas, que expressam distintas qualidades, características ou modalidades; e felicidades quantitativas, que se enunciam mediante quantidades numéricas, entre outras.
No âmbito da programação (informática), as felicidades são estruturas de dados que podem mudar de conteúdo ao longo da execução de um programa. Estas estruturas correspondem a uma área armazenada na memória principal do computador.”

Foi só uma brincadeira, claro! Um pequeno exercício de criatividade. Matemática e ciências exatas, no geral, nunca foram o meu forte, então pode até ter algum furo aí pelo meio; apenas achei legal a associação. Mas o Manoel de Barros talvez tenha feito um estrago grande na minha cabeça, e eu também sou muito mais da ‘invencionática’ do que da informática. Então, preciso também confessar, brincadeiras à parte, que para mim está tudo bem explicado aí, na aparente complexidade e paradoxal simplicidade desse conceito. Sem mais delongas ou maiores explicações. E eu, da minha alta filosofia da Gata Preta, e rindo aqui comigo mesma, apenas junto tudo isso – o almejado, o pleno, o fugaz e o pessoal – e resumo numa só sentença: “Felicidade é o bem que nos faz escutar o som que a nossa própria gargalhada tem”. E quem quiser que pense mais.
Tenho dito!

4 comentários em “Do latim variabilis, aquilo que varia ou pode variar. Ou te fazer feliz, quiçá…

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  1. Felicidade é um estado de espírito! E felicidade plena é um bem inalcançável, graças a Deus! Vivemos todos os dias à caça desta felicidade plena, e enquanto não a alcançamos, tentamos ser felizes da melhor maneira possível. E, sim, a felicidade muda de pessoa para pessoa, e de tempo para tempo. Melhor dizer: Eu estou feliz…

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  2. Pensei que fosse o único que encontrasse diversão nessas analogias!! A matemática e as ciências são frias e compulsivamente exatas mas revelam uma grande beleza para os pensadores atentos. Computação para mim é e sempre será no fundo um grande mergulho do indivíduo humano em si mesmo: ela é um produto da nossa própria imaginação, passamos séculos depositando abstrações sobre abstrações até chegarmos ao que temos hoje.

    De observações empíricas ao elétron, do elétron à corrente elétrica, da corrente elétrica ao sinal digital, do sinal digital ao número binário, à lógica, ao processador, ao programa, ao computador e, hoje, à inteligência artificial. Estudar computação para mim tem sido, no fundo, entender cada vez mais sobre o que é sentir, o que é pensar e o que é agir. Definitivamente não somos máquinas e compreender o que não somos também é compreender o que somos.

    Essas brincadeiras fazem um bem danado!!

    Abraços.

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